sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Economist: Justiça no Brasil é estranha e Moro endossa isso

Juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato

Em reportagem sobre a corrupção no Brasil, a revista britânica The Economist diz que o sistema de justiça criminal brasileiro é antiquado e estranho, assim como a atuação do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato.

A revista diz que, apesar dos brasileiros enxergarem Moro como um herói, devido ao modo como ele tem conduzido as ações da Operação Lava Jato, o método de aprisionar suspeitos antes de irem a julgamento aponta para uma falha na cultura legislativa do país.

“A prisão preventiva não deve ser usada para amedrontar os suspeitos a colaborarem com as investigações”, afirma o texto. “A maioria dos países só utilizam a detenção pré-julgamento como último recurso”.

A publicação ainda contesta o encarceramento em massa do Brasil, já que, segundo a revista, dois quintos dos mais de 600 mil presidiários ainda aguardam parecer judicial. “O código penal brasileiro fica para trás em muitos aspectos se comparado às normas internacionais”.

Como exemplo, a Economist destaca que uma série de suspeitos, presos por ordem de Moro na Operação Lava Jato, foram colocados em liberadade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pois o parecer de prisão apontava motivos genéricos e abstratos.

“Se o Sr. Moro age com tamanha independência para julgar os casos, é porque a lei brasileira confere esse tipo de poder incomum aos juízes”, afirma a publicação inglesa.

PF investiga desvio de R$200 milhões em obra do São Francisco com envolvimento de Youssef

Obra de transposição do rio São Francisco em Salgueiro, Pernambuco
A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira operação contra esquema de superfaturamento nas obras de transposição do rio São Francisco, em uma fraude que teria desviado 200 milhões de reais com participação de empresas fantasma do doleiro Alberto Youssef, já condenado como um dos operadores na Lava Jato.

Executivos envolvidos no esquema de corrupção fariam parte de um consórcio formado pelas empresas OAS, Galvão Engenharia, Barbosa Melo e Coesa Engenharia, e usavam companhias de fechada em nome de Youssef para o desvio de verbas públicas, de acordo com a PF.

"Empreiteiras já conhecidas -OAS, Galvão Engenharia, Coesa Engenharia- tinham uma conta própria para recebimento dos valores. Alguns valores destas contas eram transferidos para contas já conhecidas de empresas fantasmas do grupo Alberto Youssef", disse o superintendente da PF em Pernambuco, Marcello Diniz Cordeiro, em entrevista coletiva no Recife.

Youssef já foi condenado como um dos principais operadores do esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras investigado pela operação Lava Jato. Além dele, o lobista Adir Assad é outro envolvido na Lava Jato também investigado por suposta ligação com o desvio de recursos nas obras do São Francisco, segundo reportagens.

Os valores desviados pelo esquema investigado pela PF seriam destinados a obras de engenharia de dois dos 14 lotes de transposição do rio São Francisco, no trecho que vai do agreste de Pernambuco até a Paraíba. Os contratos investigados são de 680 milhões de reais, segundo a PF.

De acordo com a Polícia Federal, as investigações indicam o envolvimento de políticos no esquema de desvio de recursos das obras de transposição do São Francisco, assim como na Lava Jato.

"Todo o cenário converge para que exista um núcleo político que ainda não foi identificado, e se isto ocorrer, obviamente, serão realizados os atos necessários em face desta situação", afirmou o delegado Felipe Leal a jornalistas.
A operação desta sexta-feira contou com cerca de 150 policiais federais para cumprimento de 32 mandados judiciais, incluindo quatro de prisão e 24 de busca e apreensão, nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, Rio Grande do Sul e Bahia, além de Brasília.

Os investigados responderão pelos crimes de associação criminosa, fraude na execução de contratos e lavagem de dinheiro, de acordo com comunicado da PF.

O consórcio OAS/Galvão/Barbosa Mello/Coesa não pôde ser contactado para comentários.
 (Reportagem de Caio Saad, no Rio de Janeiro)

Delcídio deve fazer acordo de delação premiada, diz mídia

Senador Delcídio do Amaral (PT-MS), em Brasília
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso no último dia 25 acusado de obstruir a operação Lava Jato, decidiu fazer um acordo de delação premiada, após se sentir abandonado por seu partido, segundo reportagem no site do jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira.

Mais cedo nesta terça, a coluna Radar, da Revista Veja, publicou em seu site que Delcídio teria começado a negociar um acordo de delação premiada.

Ex-líder do governo no Senado, Delcídio foi o primeiro senador preso em exercício de mandato no Brasil. Ele foi denunciado na segunda-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), disse uma fonte à Reuters.

De acordo com a Folha de S. Paulo, Delcídio teria contratado o advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, que cuidou da delação premiada do doleiro Alberto Yousseff e de outros réus da Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.

Delcídio teria negociado oferta de fuga ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró em troca de silêncio nas investigações e teria oferecido interferir politicamente em favor do ex-diretor da Petrobras.


Com base em documentos do Ministério Público Federal, Delcídio teria oferecido ainda ajuda financeira mensal de 50 mil reais à família de Cerveró. O pagamento, segundo o MPF, seria feito pelo banqueiro André Esteves, ex-presidente e ex-controlador do BTG Pactual e também preso desde 25 de novembro.

Comissão especial do impeachment tem 15 investigados no STF

BRASÍLIA — Quase 40% dos deputados eleitos para integrar como titulares a Comissão do Impeachment têm pendências no Supremo Tribunal Federal (STF). Levantamento do GLOBO mostra que são 15 investigados ou processados, entre os 39 da chapa liderada pela oposição e dissidentes da base.

O tucano Nilson Leitão (MT) é quem mais tem pendências. É réu em processo aberto pela 1ª Turma do STF semana passada por crime de responsabilidade, sob suspeita de superfaturar obras de pavimentação de um trecho da BR-163 quando era prefeito de Sinop (MT), de 2001 a 2006. Há outros seis inquéritos relativos a esse período. Ele diz confiar na absolvição e afirma que os demais casos serão arquivados.

— Todas as minhas contas foram aprovadas e os convênios foram aprovados por todos os ministérios. Isso não tira minha prerrogativa de investigar a presidente — disse.

Estarão como titular na comissão dois deputados investigados na Operação Lava-Jato: Jerônimo Goergen (PP-RS) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) foram indiciados após serem apontados pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiários da propina distribuída no PP. Depois, o doleiro afirmou não conhecê-los e não ter entregue diretamente dinheiro a eles. Afirmou que Goergen e Heinze eram citados pela cúpula do partido como beneficiários. Os dois negam as acusações.

— Não fiz nada de errado e tenho feito de tudo para comprovar isso. Nada tira a legitimidade do meu mandato ou muda minhas convicções — afirmou Goergen.

— Desafio o Youssef ou qualquer líder do meu partido a me dizer quanto me deu, quando e onde me deu — disse Heinze.

Dos 15 com pendências, quatro já são réus: além de Leitão, Benito Gama (PTB-BA), por crime eleitoral, Flaviano Melo (PMDB-AC), por peculato e crime contra o sistema financeiro, e Delegado Éder Mauro (PSD-PA), por crime de ameaça. Benito diz que o prefeito que o acusou, na campanha de 2008, responde por difamação e injúria. E que o Ministério Público propôs encerrar a ação. Melo diz que a acusação tem “razões políticas” e frisa que o STF “certamente” dará pela improcedência da denúncia A assessoria de Éder Mauro foi procurada, mas não houve retorno.

Lelo Coimbra (PMDB-ES) afirma que o seu caso trata apenas de um procedimento relativo às eleições de 2010. Ele ressalta que a denuncia, de que pastores teriam trabalhado na sua campanha eleitoral, já foi julgado improcedente pelo TRE-ES.

Danilo Forte (PSB-CE) diz esperar que o inquérito contra ele, que trata de irregularidades na sua gestão na Funasa, seja arquivado, como já ocorreu com outro que tratava do mesmo período.

Valdir Rossoni (PSDB-PR) afirma que a acusação contra ele, de crime ambiental, decorre de um incêndio ocorrido em uma propriedade de um vizinho e ressalta que fez a recuperação da área que foi atingida em seu terreno.

Alex Manente (PPS-SP), investigado por crime eleitoral, afirma que já prestou depoimento e aguarda o arquivamento do inquérito.

Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirma que a acusação de crime ambiental é indevida porque ele estava em Brasília na data em que houve a autuação em Angra dos Reis. Atribui ainda o inquérito de difamação a uma briga política com a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Os demais deputados não foram localizados ou não retornaram as ligações.

 O Globo

Fotos do desfile em homenagem ao Dia da Consciência Negra do Colégio Jonival Lucas


Foto: Alex Silva