A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira
operação contra esquema de superfaturamento nas obras de transposição do rio
São Francisco, em uma fraude que teria desviado 200 milhões de reais com
participação de empresas fantasma do doleiro Alberto Youssef, já condenado como
um dos operadores na Lava Jato.
Executivos envolvidos no esquema de corrupção
fariam parte de um consórcio formado pelas empresas OAS, Galvão Engenharia,
Barbosa Melo e Coesa Engenharia, e usavam companhias de fechada em nome de
Youssef para o desvio de verbas públicas, de acordo com a PF.
"Empreiteiras já conhecidas -OAS, Galvão
Engenharia, Coesa Engenharia- tinham uma conta própria para recebimento dos
valores. Alguns valores destas contas eram transferidos para contas já
conhecidas de empresas fantasmas do grupo Alberto Youssef", disse o superintendente
da PF em Pernambuco, Marcello Diniz Cordeiro, em entrevista coletiva no Recife.
Youssef já foi condenado como um dos principais
operadores do esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras
investigado pela operação Lava Jato. Além dele, o lobista Adir Assad é outro
envolvido na Lava Jato também investigado por suposta ligação com o desvio de
recursos nas obras do São Francisco, segundo reportagens.
Os valores desviados pelo esquema investigado pela
PF seriam destinados a obras de engenharia de dois dos 14 lotes de transposição
do rio São Francisco, no trecho que vai do agreste de Pernambuco até a Paraíba.
Os contratos investigados são de 680 milhões de reais, segundo a PF.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações
indicam o envolvimento de políticos no esquema de desvio de recursos das obras
de transposição do São Francisco, assim como na Lava Jato.
"Todo o cenário converge para que exista um
núcleo político que ainda não foi identificado, e se isto ocorrer, obviamente,
serão realizados os atos necessários em face desta situação", afirmou o
delegado Felipe Leal a jornalistas.
A operação desta sexta-feira contou com cerca de
150 policiais federais para cumprimento de 32 mandados judiciais, incluindo
quatro de prisão e 24 de busca e apreensão, nos Estados do Rio de Janeiro, São
Paulo, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, Rio Grande do Sul e Bahia, além
de Brasília.
Os investigados responderão pelos crimes de
associação criminosa, fraude na execução de contratos e lavagem de dinheiro, de
acordo com comunicado da PF.
O consórcio OAS/Galvão/Barbosa Mello/Coesa não pôde
ser contactado para comentários.
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