sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Estudante que tirou nota mil no Enem citou desenho animado 'Peppa Pig' leia


Apenas 250 estudantes em todo o país conseguiram atingir a nota máxima na prova de redação do Enem neste ano. Uma delas é Lairssa Freisleben, 18 anos, que mora na cidade de Farroupilha, no Rio Grande do Sul. A jovem tirou mil na redação citando a porquinha do desenho animado britânico "Peppa Pig", que virou febre no Brasil em 2014.
Segundo a Larissa, em entrevista à Folha de S. Paulo, ela conciliou a preparação para o exame com a conclusão do ensino médio, cursinhos pré-vestibular e até aulas de balé. Além disso, fazia leitura de livros "mais bobinhos" até os clássicos da literatura.
Larissa conta que gostou muito do tema "Publicidade infantil em questão no Brasil" e explica que citou o desenho animado pela influência que ele tinha em seus primos, que acabavam tentando imitar e querer os brinquedos da famosa porquinha. "Gostei mais do que o tema anterior. Consegui ter argumentos para essa proposta", disse à Folha.
No Brasil, o desenho é exibido no canal fechado Discovery Kids. Leia abaixo a redação de Lairssa Freisleben, publicada pela Folha de S.Paulo.
Publicidade Infantil: perigoso artifício
Uma criança imitando os sons emitidos por porcos já foi atitude considerada como falta de educação. No entanto, após a popularização do programa infantil "Peppa Pig", essa passou a ser uma cena comum no Brasil. O desenho animado sobre uma família de porcos falantes não apenas mudou o comportamento dos pequenos como também aumentou o lucro de uma série de marcas que se utilizaram do encantamento infantil para impulsionar a venda de produtos relacionados ao tema. Peppa é apenas mais um exemplo do poder que a publicidade exerce sobre as crianças.
Os nazistas já conheciam os efeitos de uma boa publicidade: são inúmeros os casos de pais delatados pelos próprios filhos –o que mostra a facilidade com que as crianças são influenciadas. Essa vulnerabilidade é maior até os sete anos de idade, quando a personalidade ainda não está formada. Muitas redes de lanchonetes, por exemplo, valem-se disso para persuadir seus jovens clientes: seus produtos vêm acompanhados por brindes e brinquedos. Assim, muitas vezes a criança acaba se alimentando de maneira inadequada na ânsia de ganhar um brinquedo.

A publicidade interfere no julgamento das crianças. No entanto, censurar todas as propagandas não é a solução. É preciso, sim, que haja uma regulamentação para evitar a apelação abusiva –tarefa destinada aos órgãos responsáveis. No caso da alimentação, a questão é especialmente grave, uma vez que pesquisas mostram que os hábitos alimentares mantidos até os dez anos de idade são cruciais para definir o estilo de vida que o indivíduo terá quando adulto. Uma boa solução, nesse caso, seria criar propagandas enaltecendo o consumo de frutas, verduras e legumes. Os próprios programas infantis poderiam contribuir nesse sentido, apresentando personagens com hábitos saudáveis. Assim, os pequenos iriam tentar imitar os bons comportamentos.
Contudo, nenhum controle publicitário ou bom exemplo sob a forma de um desenho animado é suficiente sem a participação ativa da família. É essencial ensinar as crianças a diferenciar bons produtos de meros golpes publicitários. Portanto, em se tratando de propaganda infantil, assim como em tantos outros casos, a educação vinda de casa é a melhor solução. (Correio)