O brasileiro Marco Acher, 53 anos, foi executado
neste sábado (17) na Indonésia depois de ser condenado à morte pelo crime de
tráfico de drogas – já é domingo no horário local. Mesmo com apelo do governo
brasileiro para tentar evitar a execução da pena, que foi por fuzilamento, a
Indonésia afirmou que não seria possível atender ao pedido.
O carioca foi executado por fuzilamento às 15h30 do
sábado, no horário de Brasília, 0h30 de domingo no horário local. Ele é
primeiro cidadão brasileiro na história a ser executado por pena de morte. Além
dele, outras cinco pessoas também foram fuziladas.
Uma tia do brasileiro, Maria de Lourdes Archer
Pinto, 61 anos, fez uma última visita a ele. Ela chegou a Cilacap, na Ilha de
Java, neste sábado, para se despedir do instrutor de voo. Segundo nota do
Itamaraty, Marco esteve por cerca de uma hora com o advogado, com a tia e com
funcionários da Embaixada do Brasil. A tia levou mel e doce de leite para o
brasileiro.
A tia contou à Folha Online que Marco chorou muito
na despedida e a beijou muito. Ela também estava em prantos diante da
proximidade da execução. “O Marco não merece isso”, afirmou.
Ontem, um vídeo com áudio em que o brasileiro pede
clemência circulou pela web. “Eu estou ciente de que cometi um erro gravíssimo,
mas mereço mais uma chance. Porque todo mundo erra”, diz. O instrutor de voo diz que é seu sonho voltar
ao Brasil. “Quero pedir perdão à minha nação e mostrar aos jovens que a droga
só leva a dois caminhos, ou a prisão ou a morte”.
Archer foi preso ao tentar entrar na Indonésia em
2004 com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. A droga
foi descoberta pelo raio-X no Aeroporto Internacional de Jacarta. O brasileiro
conseguiu fugir do aeroporto, mas foi preso duas semanas depois. O país pune
com pena de morte o tráfico de drogas.
Além de Archer, outro brasileiro aguarda no
corredor da morte da Indonésia. O paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte também
foi condenado à morte por tráfico de cocaína. Ainda não há data para execução
de Gularte.
Apelo negado
No dia 30 de dezembro foram rejeitados os pedidos
de clemência para os seis condenados. Praseyto, procurador-geral indonésio,
disse que cinco dos presos foram transferidos para a penitenciária de
Nusakambangan e um sexto para a prisão de Boyolali, ambas na Ilha de Java, onde
as sentenças deverão ser executadas à 0h de domingo (15h de hoje em Brasília).
“Isso vai enviar uma mensagem aos membros dos
cartéis de droga. Não há clemência para os traficantes”, acrescentou. Estas são
as primeiras de 20 execuções que as autoridades indonésias vão fazer este ano,
depois de, em 2014, não terem executado nenhum condenado.
A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, telefonou
nessa sexta-feira (16) ao presidente indonésio, Joko Widodo, para pedir pela
vida de Marco Archer Cardoso Moreira. Widodo, que insistiu que não perdoaria as
condenações à morte por delitos relacionados com o tráfico de drogas, respondeu
que “não poderia comutar a sentença” uma vez que tinham sido cumpridos todos os
trâmites legais.
A Anistia Internacional (AI) pediu uma moratória da
pena de morte a Widodo, que tomou posse em outubro e tem sido considerado por
muitos ativistas como uma esperança de mudança no país.
Fonte: Correio24horas