BRASÍLIA — Quase 40% dos deputados eleitos para
integrar como titulares a Comissão do Impeachment têm pendências no Supremo
Tribunal Federal (STF). Levantamento do GLOBO mostra que são 15 investigados ou
processados, entre os 39 da chapa liderada pela oposição e dissidentes da base.
O tucano Nilson Leitão (MT) é quem mais tem
pendências. É réu em processo aberto pela 1ª Turma do STF semana passada por
crime de responsabilidade, sob suspeita de superfaturar obras de pavimentação
de um trecho da BR-163 quando era prefeito de Sinop (MT), de 2001 a 2006. Há
outros seis inquéritos relativos a esse período. Ele diz confiar na absolvição
e afirma que os demais casos serão arquivados.
— Todas as minhas contas foram aprovadas e os
convênios foram aprovados por todos os ministérios. Isso não tira minha
prerrogativa de investigar a presidente — disse.
Estarão como titular na comissão dois deputados
investigados na Operação Lava-Jato: Jerônimo Goergen (PP-RS) e Luis Carlos
Heinze (PP-RS) foram indiciados após serem apontados pelo doleiro Alberto
Youssef como beneficiários da propina distribuída no PP. Depois, o doleiro
afirmou não conhecê-los e não ter entregue diretamente dinheiro a eles. Afirmou
que Goergen e Heinze eram citados pela cúpula do partido como beneficiários. Os
dois negam as acusações.
— Não fiz nada de errado e tenho feito de tudo para
comprovar isso. Nada tira a legitimidade do meu mandato ou muda minhas
convicções — afirmou Goergen.
— Desafio o Youssef ou qualquer líder do meu
partido a me dizer quanto me deu, quando e onde me deu — disse Heinze.
Dos 15 com pendências, quatro já são réus: além de
Leitão, Benito Gama (PTB-BA), por crime eleitoral, Flaviano Melo (PMDB-AC), por
peculato e crime contra o sistema financeiro, e Delegado Éder Mauro (PSD-PA),
por crime de ameaça. Benito diz que o prefeito que o acusou, na campanha de
2008, responde por difamação e injúria. E que o Ministério Público propôs
encerrar a ação. Melo diz que a acusação tem “razões políticas” e frisa que o
STF “certamente” dará pela improcedência da denúncia A assessoria de Éder Mauro
foi procurada, mas não houve retorno.
Lelo Coimbra (PMDB-ES) afirma que o seu caso trata
apenas de um procedimento relativo às eleições de 2010. Ele ressalta que a
denuncia, de que pastores teriam trabalhado na sua campanha eleitoral, já foi
julgado improcedente pelo TRE-ES.
Danilo Forte (PSB-CE) diz esperar que o inquérito
contra ele, que trata de irregularidades na sua gestão na Funasa, seja
arquivado, como já ocorreu com outro que tratava do mesmo período.
Valdir Rossoni (PSDB-PR) afirma que a acusação
contra ele, de crime ambiental, decorre de um incêndio ocorrido em uma
propriedade de um vizinho e ressalta que fez a recuperação da área que foi
atingida em seu terreno.
Alex Manente (PPS-SP), investigado por crime
eleitoral, afirma que já prestou depoimento e aguarda o arquivamento do
inquérito.
Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirma que a acusação de
crime ambiental é indevida porque ele estava em Brasília na data em que houve a
autuação em Angra dos Reis. Atribui ainda o inquérito de difamação a uma briga
política com a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Os demais deputados não foram localizados ou não
retornaram as ligações.
O Globo
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