Um dos principais remanescentes de Mata Atlântica
do Brasil, o Parque São Bartolomeu, em Salvador, NUMA área de 155 hectares, é
um dos pontos da cidade mais frequentados por pessoas de todas as idades e de
diferentes religiões, como as de matriz africana. Localizado entre a região do
Subúrbio Ferroviário de Salvador e o bairro de Pirajá, o parque passou por
requalificação urbana e ambiental, tornando mais agradável aos visitantes.
No trecho do subúrbio estão a praça e a cachoeira
que levam o nome de Oxum, a rainha das águas doces. Em homenagem ao orixá, o
artista plástico Bel Borba construiu uma escultura no local, considerado
sagrado pelos adeptos do Candomblé.
Raiz ancestral
A pedagoga Maria Glacia Bastos esteve no Parque São
Bartolomeu, no último domingo (22), quando se reuniu com um grupo de
aproximadamente 20 pessoas. Juntos, eles compartilharam informações sobre as
tradições da religião e homenagearam as mulheres. De acordo com Maria Glacia, a
relação com a natureza é muito importante para sua religião. “Parte das pessoas
do nosso terreiro [Ilê Axé Odé Yeye Ibomin] está aqui hoje. Viemos celebrar o
Mês da Mulher e falar sobre a vestimenta feminina no Candomblé. Escolhemos este
lugar, além da beleza, por esta raiz ancestral que é fortalecida aqui. É um dos
poucos espaços na cidade onde temos monumentos dedicados às religiões de matriz
africana”.
Cultura e cidadania
Entre os diversos equipamentos construídos no
parque que estão à disposição dos frequentadores, um é o Centro de Cultura e
Cidadania de Pirajá. O outro é o Centro de Referência, em São Bartolomeu,
instalado no portal de acesso à cachoeira e a praça de Oxum.
Erguido com pilares de eucalipto certificados pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), o local é um espaço amplo e arejado onde ocorrem atividades esportivas
e culturais. O Movimento de Cultura Popular do Subúrbio (MCPS) está entre as
entidades que desfrutam da estrutura e desenvolvem projetos de inclusão social,
como o da capoeira.
Segundo a secretária do MCPS, Caroline Lopes, a
comunidade é convidada a participar das atividades e se faz presente. “Ela [a comunidade]
se sente parte disso. A gente se sente parte disso. Mais do que um grupo de
capoeira, nos baseamos na história dos nossos antepassados, nas nossas origens.
É aqui que a gente se encontra”.
Patrimônio ambiental
De acordo com a coordenadora da Unidade Técnica de
Projeto (UTP) da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
(Conder), arquiteta Regina Luz, “o Parque São Bartolomeu é um patrimônio
ambiental da cidade”. Ela cita o exemplo do Rio do Cobre, o que apresenta
melhor índice de qualidade de água em Salvador. O rio corre na área do parque e
“forma três quedas d’água muito bonitas (Nanã, Oxum e Oxumaré), envolvidas por
remanescentes da Mata Atlântica”.
Para despertar entre os mais jovens o gosto pela
preservação da natureza, grupos escolares têm a possibilidade de visitar o
parque. No local, eles assistem a palestras, que abordam conteúdo histórico,
cultural e ambiental, feitas por colaboradores de órgãos como a Empresa Baiana
de Águas e Saneamento (Embasa), Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(Inema) e outras instituições.
Datas comemorativas
A coordenadora da UTP informou que as atividades
são realizadas em diferentes épocas do ano e fazem parte da programação
comemorativa de datas como o Dia Mundial da Água (22 de março), Dia Mundial do
Meio Ambiente (5 de junho), Dia da Independência da Bahia (2 de julho), Dia de
São Bartolomeu (24 de agosto) e Dia da Consciência Negra (20 de novembro).
Ela destacou as ações para conscientização das
crianças sobre a importância do Parque São Bartolomeu, que é um patrimônio
ambiental. O propósito das ações voltadas para a garotada “é torná-la
partícipes desta sensação de pertencimento. São crianças que vão desenvolver
suas atividades educativas e culturais no parque e podem, de toda forma,
proteger e preservar este patrimônio”.
Fonte: Secom