O plenário do
Senado aprovou nesta terça-feira (6) proposta de emenda à Constituição que
permite ao Judiciário e ao Ministério Público afastar, demitir e cassar a
aposentadoria de juízes, procuradores e promotores envolvidos em
irregularidades. Atualmente, a punição máxima nesses casos, em âmbito
administrativo, é a aposentadoria compulsória.
A PEC foi
aprovada em dois turnos: no primeiro, houve 64 votos favoráveis e, no segundo
turno, 62 dos 81 senadores votaram a favor. Para ser promulgada, a PEC ainda
passa por duas votações na Câmara dos Deputados.
O texto prevê
que, nos casos de condenação com trânsito em julgado na Justiça (sem
possibilidade de recurso), o juiz, promotor ou procurador será punido com a
perda do cargo. Ele passará a se aposentar no regime geral do INSS, cujo teto
atual é de R$ 4.159. Hoje, mesmo sendo condenados, os ocupantes desses cargos
têm direito a se aposentar com com o recebimento de aposentadoria equivalente
ao posto que ocupavam.
Pela PEC,
assim que for aberta a ação na Justiça, o juiz ou membro do MP fica afastado
por 90 dias. Ele permanece em regime de indisponibilidade por até 2 anos,
período no qual recebe salário proporcional ao período trabalho. Só depois da
condenação ele tem o salário normal cortado.
Qualquer crime
O texto não
especifica os tipos de crime que levará à perda do cargo. No entanto, segundo o
relator da proposta, senador Blairo Maggi (PR-MT), a proposta valerá para
condenação para qualquer tipo de delito. “Não tem distinção se é crime leve,
hediondo ou pesado. Cometeu o crime, ele cairá nessa condição”, disse Maggi.
“Não veremos
mais no Brasil juízes e promotores que foram condenados por corrupção
continuando com seus vencimentos integrais como víamos antigamente. A partir de
agora, qualquer membro da magistratura ou MP que for condenado por algum tipo
de perderá esses vencimentos que tinha e cairá no regime geral da previdência.
Acabamos com os privilégios que tinham”.
A aprovação do
texto só foi possível após o relator costurar um acordo com a categoria e com
os senadores deixando a proposta mais branda que a original, que previa o fim
da aposentadoria compulsória também para os casos de ato por improbidade
administrativa.
“O próprio
Ministério Público e a magistratura perceberam que tinham que ceder alguma
coisa. Eles eram contra qualquer tipo de mudança, mas a partir das
manifestações das ruas criou-se um ambiente favorável e consegui negociar com a
categoria”, disse Maggi.
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