A extinção das
Diretorias Regionais de Saúde (Dires), após reforma administrativa do
governador Rui Costa (PT), continua causando polêmica entre prefeitos de
municípios baianos e deputados. A discussão entre políticos e profissionais de
saúde tomou corpo depois do ex-secretário de Saúde, eleito deputado federal,
Jorge Solla (PT), atacar o governo baiano, chamando-o de “insensível” em
relação às demandas da área de saúde em diversas regiões que dependeriam das
Diretorias.
Com a
extinção, 205 servidores foram exonerados. “Não considerou as consequências
tanto para as pessoas envolvidas, quanto para a própria estrutura do sistema de
saúde do estado. Foram exonerados funcionários que desempenhavam funções
essenciais ao bom funcionamento do sistema”, disse Solla.
Além do temor
de perder assistência de saúde por conta das extinções, diversos prefeitos
afirmam que não foram informados desta decisão da reforma administrativa e que
não houve audiências para que o novo secretário de saúde, Fábio Vilas-Boas,
apresentasse como será o apoio do estado aos municípios. Eles esperam, com
urgência, um encontro esclarecedor com o gestor.
O prefeito de
Santo Antônio de Jesus, Humberto Leite (PDT), é um dos que estão temerosos com
a situação da saúde nos próximos meses. Segundo ele, diversos prefeitos
aguardam uma audiência com o secretário de saúde para esclarecer como
funcionarão os núcleos regionais de saúde, cujas funções de coordenação,
regulação e cooperação técnica e financeira com os municípios serão assumidas
pelo Estado.
“Não gostamos
de saber que a Dires vai se transformar num núcleo. Núcleo para sumir é daqui
para ali. Isso que ia acontecer não foi nos dito durante a campanha, foi
surpresa pra gente”, afirmou para uma rádio local.
Em nota à
Tribuna da Bahia, Vilas-Boas ressaltou que “o Governo da Bahia apoiará técnica
e financeiramente a conformação dos consórcios regionais de saúde e que o
sentido da extinção das Dires é de “tornar mais eficiente a gestão da saúde e
aprimorar a articulação do estado com os municípios, sem que o estado continue
a assumir atribuições que são dos municípios”.
Conforme a Sesab,
a Lei que criou os Núcleos Regionais de Saúde (NRS) deu ampla margem de
discricionariedade ao gestor estadual da saúde para reconfigurar a atuação
regional. “Nesse sentido, constitui-se uma oportunidade ímpar de se redefinir a
forma de atuação da Sesab, para se avançar na regionalização e na formação das
redes de atenção à saúde, melhorando os serviços oferecidos à população.”
Para o
deputado estadual Carlos Gaban (DEM), o governo está descumprindo com as
promessas de campanha e deixando de dar um apoio à população, seja em campanha
de vacinação ou em estrutura necessária de apoio às prefeituras municipais.
“O Estado está
privatizando a saúde. E quem está pagando o pato é a população, cada vez mais
mal atendida. Não se preocupa mais com o atendimento do cidadão, mas com o
faturamento de entidades pseudofilantrópicas. À medida que você tira
instrumento de apoio no interior, está colaborando para aumentar os problemas
aqui na capital”, declarou.
Apesar de
também afirmarem que não houve audiência para explicar melhor como seria a
extinção das Dires e a atuação dos NRS, os prefeitos Zenildo Santana, de
Lafayete Coutinho, João Bosco, de Teixeira de Freitas, e Maria Quitéria, de
Cardeal da Silva e presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB),
preferiram aguardar como vai ser o desenrolar desta nova gestão da saúde
regionalizada. Segundo Maria Quitéria, como de fato as ações não foram
discutidas com os gestores, não é possível tomar nenhuma atitude ou posição.
“Eu acredito
muito no governo. Tudo que é novo causa estranheza. Acredito que seja mais uma
questão estrutural. Aguardamos uma reunião com o secretário de Saúde Fabio
Vilas-Boas”, afirmou.
Já Zenildo não
acredita que a saúde dos municípios será prejudicada “porque a proposta é criar
consórcios públicos e este trabalho deverá ser melhor do que o desenvolvido
pelas Dires”, opinou.
João Bosco
diz: “Não acredito que vai ficar um buraco aberto e vazio. Eu não sei de que
forma será feita, não conheço o projeto. Não conhecemos o projeto, mas estamos
na verdade aguardando para saber como é que será. Não fomos informados, por
isso acreditamos que é cedo para analisar”, definiu.
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