sexta-feira, 4 de maio de 2012

STF anula títulos de terras de reserva indígena na BA

Web Pag
      
           O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu tornar nulos os títulos de terras que foram obtidos por fazendeiros e pequenos proprietários na reserva indígena Caramuru-Catarina-Paraguassu, de 54 mil hectares, no Sul da Bahia.
Há conflitos armados na região entre fazendeiros, colonos e índios da comunidade pataxó Hã Hã Hãe que disputam o controle das terras. Houve mortes e a iminência de novos embates fez o STF parar todos os demais processos que estavam previstos para ontem apenas para julgar esse caso.
De acordo com a decisão, que foi tomada por sete votos a um, todos os títulos concedidos na área demarcada foram declarados nulos. "Ninguém pode tornar-se dono de terras indígenas. São terras da União Federal sob as quais os índios têm direitos", disse o ministro Celso de Mello.
"Estamos dizendo que determinada área do território da Bahia é indígena", enfatizou o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto. Ele atendeu a um pedido da relatora do processo, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, para julgar imediatamente a ação, de modo a evitar novos conflitos na região. Com isso, o processo, que é de 1982 e sequer estava na pauta de ontem do STF, foi finalmente decidido. O tribunal tentou julgá-lo no início do ano, mas o governo da Bahia pediu o adiamento, na tentativa de encontrar uma solução para os conflitos.
"É um dos casos mais graves que já me chegou às mãos", disse a ministra. Segundo ela, a ação é composta por "páginas de sangue, lágrimas e de mortes".
Cármen Lúcia afirmou que a demarcação foi feita em 1938. Dos 54 mil hectares destinados aos índios, eles não teriam acesso a 12 mil, que foram ocupados por fazendeiros e colonos. "A área do Sul da Bahia se tornou um território de violência", definiu Cármen Lúcia.
Outros ministros também se mostraram muito preocupados com o conflito armado que está ocorrendo na região. "A mídia tem noticiado como está conflagrada a área", disse a ministra Rosa Weber. "Nós temos visto o noticiário", completou Luiz Fux. "Há uma situação extremamente grave", ressaltou Celso de Mello.
A ação foi proposta pela Funai e tinha 396 réus. O julgamento teve início em 2008, após o então ministro Eros Grau, hoje, aposentado, conceder liminar para permitir a índios pataxós a permanência numa fazenda localizada na cidade de Pau Brasil, que tem parte de seu território na reserva.
Ontem, a maioria dos ministros do STF afirmou que os índios devem se limitar à reserva. Eles não podem ir além dos 54 mil hectares demarcados pela Funai. Apenas o ministro Marco Aurélio Mello ficou vencido. Para ele, os fazendeiros que receberam títulos de terras do Estado da Bahia agiram de boa fé e não poderiam ser punidos por isso. "Eu não posso colocar em segundo plano os inúmeros títulos formalizados pelo Estado da Bahia com os particulares. Eles confiaram no Estado e adentraram na área que não era ocupada e passaram a explorá-la", justificou.
                Ao fim do julgamento, Britto disse que a Constituição tem o objetivo de tutelar e promover minorias, como índios, negros e deficientes físicos, e cabe ao STF tomar decisões neste sentido. "A Constituição tem normas protetivas e promocionais desses segmentos."

Autor(es): Por Juliano Basile | De Brasília
Valor Econômico - 03/05/2012

  

Vale lembrar, que as terras brasileiras que hoje têm seus donos, antes da colonização e exploração pelos europeus eram dos índios que aqui habitavam. Então, nada mais do que justa essa decisão do supremo em devolver as terras de quem nunca deveriam ser tomada.  Parabéns ao STF que vem tomando decisões importantes em favor dos que merecem.
Vejo que a democracia no Brasil está cada vez mais sendo exercida. Isso fará com que o povo que está desacreditado na justiça e na democracia, possa ter novamente esperança de ver um dia momentos melhores e um país mais justo.
 Alex Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário