quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"CAMPANHA VIOLÊNCIA ZERO E SAÚDE DEZ"
                Se a saúde e a segurança não vão bem a quem devemos recorrer?

 Confesso que não desejaria começar essa campanha e nem mesmo relatar o caso a seguir. Porém, penso que alguma coisa deve ser feita urgentemente para produzir um sinal de alerta para as autoridades competentes, seja a nível municipal, estadual ou mesmo federal.

 Na última madrugada do dia 13 de novembro (de sábado para domingo) me vi em uma situação estarrecedora. Estava na Praça da Bandeira (Prefeitura) em Sapeaçu, cidade onde moro, com alguns amigos quando um senhor parou com o seu carro bruscamente à frente do bar no qual estávamos às 2 horas da manhã. Esbaforido e ao mesmo tempo em pânico, ele jogou-se sobre mim em pedidos de socorro dizendo que tinha sido assaltado e baleado nas costas. Tirou a camisa e lá estava a perfuração provocada pelo projétil.

 Minha primeira ação foi acionar a polícia pelo telefone enquanto meu amigo pegava o carro dele para socorrer o senhor. Para a minha surpresa os meus contatos foram em vão. Convém salientar que estava acontecendo uma festa no clube nas proximidades da referida praça não havia qualquer autoridade policial no local. Levamos a vítima agonizando até a maternidade, única unidade de saúde "ativa" naquele momento, e nos surpreendemos com a falta de recursos para atender o ferido. A atitude da unidade foi chamar a ambulância para transferir a vítima para O Hospital Regional em Santo Antônio de Jesus.

 Na maternidade, entre momentos de dor e de preocupação com seus familiares, a vítima contou que era vendedor ambulante, morador da cidade de Castro Alves, que havia trabalhado o dia todo vendendo os seus produtos em Sapeaçu e que estava dormindo em seu carro atrás da delegacia municipal, pensando que ali estaria livre de qualquer coisa, quando foi assaltado e baleado. Que ironia! Ser assaltado e baleando atrás da delegacia que deveria ser o local mais seguro de uma cidade.

 O que será de nós com a “nota dez para a violência e nota zero para a saúde”?

 Há alguns anos atrás era possível transitar em nossa cidade sem termos que nos preocupar com o horário, dia ou local. Os velhinhos, mães e seus filhinhos podiam ficar à frente de suas casas. Hoje as residências são verdadeiras fortalezas com grades para todos os lados. Estamos presos em nossos lares.

 Nosso município não tem incentivos para os esportes (se tem não chega até a população), a nossa educação é um lixo, nossa saúde precária, não há lazer, não há a promoção da cultura e os nossos jovens cada vez mais perdidos e esquecidos pelos poderes públicos. A violência impera tanto na zona rural quanto na zona urbana. Muitos moradores da zona rural, apavorados, estão mudando-se para a cidade depois de sucessivas ocorrências.

 Em se tratando de saúde, chegar até a maternidade em feriados e fins de semana e ouvir que apenas há atendimento para urgência (entenda como urgência facada, tiro ou coisa parecida) seria cômico se não fosse trágico.

 Temos presenciado partos tardios que comprometem a saúde tanto da gestante quanto do recém nascido; filas quilométricas na maternidade que se iniciam no dia anterior para a “distribuição de senhas” para sermos consultados (ou atendidos) por profissional: ora médico, ora prefeito; ora prefeito, ora médico.  

 Fiquei extremamente indignado quando ouvi uma mãe (naquela fila havia horas) reclamar que era injusto estar ali há tanto tempo com sua filha passando muito mal com fortes dores de cabeça e políticos invadirem a fila para privilegiar pessoas do agrado deles. Muitas das vezes, para tratar de assuntos relacionados à prefeitura, já que o médico-prefeito nunca está na casa do executivo. Soube ainda que um “recepcionista”, da tão famosa maternidade, sugeriu que a mãe batesse com a cabeça da sua filha na parede para que a dor passasse. Completa falta de competência para ocupar cargo tão delicado.

 Nossa saúde foi municipalizada? Tínhamos atendimentos que ultrapassavam os limites municipais. Porém, por intrigas políticas o hospital perdeu o convênio do SUS, deficiência na competência ou falta de vontade política tem nos tornado reféns do medo, reféns da inoperância.

 Entre nesta luta contra a violência, contra o atendimento médico hospitalar precário e em favor do aumento do efetivo policial em nosso município e da qualidade de vida.

 “Saúde e paz. O resto agente corre atrás.” Ainda quero pronunciar está frase com segurança. 
                                                                                    MOVA-SE (Sivanildo da Silva Borges)

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