Independência
da Bahia
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Desfecho
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Vitória brasileira
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Mudanças
territoriais
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Intervenientes
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Principais líderes
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Forças
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No começo: 1.500
No final: 14.000
Navios:
1 Navio de linha
3 Fragatas
2 Corvettes
3 Navios brigadeiros
1 "Charrua"
1 Brigadeiro-Escuna
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No começo: 3.000
No final: 10.500
Navios:
1 Navio de linha
2 Fragatas
1 "Charrua"
8 Corvettes
2 Brigadeiros
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Vítimas
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750 mortos,280 feridos
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2.500 mortos,700 feridos,300 capturados.
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Hino da Independência da Bahia
Letra:
Landislau dos Santos Titara
Música: José
dos Santos Barreto
Nasce o sol a 2 de julho
Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
Até o sol é brasileiro.
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações.
Salve, oh! Rei da Campinas
De Cabrito e Pirajá
Nossa pátria hoje livre
Dos tiranos não será.
Nunca mais o despotismo
Regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros corações.
Cresce, oh! Filho de minha alma
Para a pátria defender
O Brasil já tem jurado
Independência ou morrer.
A
Independência da Bahia foi um movimento que, iniciado em
1821 (mas com raízes anteriores) e com desfecho em
2 de julho
de
1823,
motivado pelo sentimento federalista emancipador de seu povo, terminou pela
inserção daquela então província na unidade nacional brasileira, durante a
Guerra da independência do Brasil.
Dividem-se os interesses, acirram-se os ânimos: de um lado, portugueses
interessados em manter a província como colônia, do outro brasileiros,
liberais, conservadores, monarquistas e até republicanos se unem, finalmente,
no interesse comum de uma luta que já se fazia ao longo de quase um ano, e que
somente se faz unificada com a própria Independência do Brasil a partir de 14 de junho
de 1823,
quando é feita na Câmara da vila de Santo Amaro da Purificação a proclamação
que pregava a unidade nacional, e reconhecia a autoridade de D. Pedro I.[1]
Na Bahia a luta pela Independência veio antes da brasileira, e só
concretizou-se quase um ano depois do 7 de setembro
de 1822: ao contrário da pacífica proclamação
às margens do Ipiranga, só ao custo de milhares de vidas e acirradas
batalhas por terra e mar emancipou-se de Portugal, de tal modo que seu Hino
afirma ter o Sol que nasceu ao 2 de julho brilhado "mais que o primeiro".
A partir da Conjuração Baiana (1798), pode-se afirmar que
na Bahia, mais até que em Minas Gerais quando da Inconfidência Mineira (1789), estava arraigado na
população o sentimento de independência em relação a Portugal. Se em Minas o
conciliábulo se deu entre as famílias mais abastadas, na Bahia gente humilde
participou ativamente, como por exemplo colando cartazes nas ruas concitando o
apoio de todos.
"Os
nossos irmãos europeus derrotaram o despotismo em Portugal e restabeleceram a
boa ordem da nação portuguesa (...) Soldados! A Bahia é nossa pátria e nós não
somos menos valorosos que os Cabreiras e Sepúlvedas! Nós somos os salvadores do
nosso país; a demora é prejudicial, o despotismo e a traição do Rio de Janeiro
maquinam contra nós, não devemos consentir que o Brasil fique nos ferros da
escravidão."
E concluía: "Viva a constituição e cortes na Bahia e Brasil -
Viva El-Rei D. João VI nosso soberano pela constituição.
Marcha."
Os conspiradores liberais pretendiam, como em Portugal, uma constituição
que limitasse o poder real. Habilmente, alguns foram adrede convencidos de que
a verdadeira luta deveria ser pela manutenção do soberano no Brasil, entre eles
o futuro marquês de Barbacena, então marechal Felisberto
Caldeira Brant Pontes que, apesar de brasileiro, comandou a reação
do governo, junto ao então coronel Inácio Luís Madeira de Melo. Lutas
ocorreram até à vitória dos revoltosos, sendo aclamado ao povo, na Praça da
Câmara, o novo estado de coisas. O Governador, conde da
Palma, foi à Câmara Municipal e renunciou.
Portugueses e brasileiros estavam unidos, e constituíram uma Junta
Governativa. Mas a situação não iria durar.
Portugueses vs. Brasileiros
Carta da Bahia de Todos os Santos
Com o retorno de D. João VI a Portugal (Abril de 1821), permanecendo no Rio de Janeiro o Príncipe-Regente
D. Pedro de Alcântara, que uma carta das Cortes de Lisboa mandava
voltar a Portugal, ficou claro aos brasileiros que a antiga metrópole não
aceitaria a condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves. Nas tropas, unidas no sentimento constitucionalista, a
cisão entre portugueses e brasileiros foi-se acentuando. Ódios acirrados
resultaram em muitos conflitos parciais e boatos que, em 12 de Julho
de 1821,
fizeram os portugueses se reunir no quartel para a defesa de possível ataque
dos brasileiros.
A 12 de novembro soldados portugueses saíram
pelas ruas de Salvador, atacando soldados brasileiros, num confronto corporal
na Praça da Piedade, registrando-se mortos e
feridos. A população, temerosa, iniciou um êxodo paulatino para os sítios do
Recôncavo. O ano terminou com as tensões em alta.
A 31 de janeiro de 1822 uma nova Junta foi
eleita e em 11 de fevereiro chegou a notícia da nomeação do
Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo como Comandante das Armas da província.
Era o militar que apoiara o conde da Palma, um ano antes. A ordem da nomeação
chegou quatro dias depois. Os baianos tinham um comandante que já se declarara
contrário aos seus ideais...
De junho de 1822
a julho de 1823
a luta se prolongou entre o governo provisório da província, eleito em junho,
favorável à independência, e as forças portuguesas sob o comando do brigadeiro
Madeira de Melo, concentradas em Salvador.
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Resistência a Madeira de Melo - a primeira mártir do Brasil
Na Bahia, constituíam-se três facções, que manteriam a luta acesa:
- os
partidários da manutenção do regime colonial - quase que exclusivamente
integrado por portugueses;
- os
Constitucionalistas do Brasil - defensores de uma constituição para o
Brasil, enquanto Reino Unido, integrado por portugueses e brasileiros;
- os
Republicanos - adeptos da emancipação política, com a adoção de um regime
republicano (à semelhança dos Estados
Unidos), integrado quase que exclusivamente por brasileiros.
No comando das Armas estava o brigadeiro Manuel Pedro, que fortalecera
os brasileiros, antecipando estratégicamente uma refrega. A sua destituição e a
nomeação de Madeira de Melo foi duro golpe no partido nacional.
A posse de Madeira de Melo foi obstada pelos brasileiros, sob pretexto
da ausência de pequenas formalidades. Enquanto isso, o povo passou a defender o
nome de Manoel Pedro. Madeira de Melo buscou apoio junto aos comerciantes
portugueses da cidade, além dos regimentos de Infantaria (12º), de Cavalaria e
das unidades da Marinha Portuguesa. Por seu lado, os brasileiros
na Bahia contavam com a Legião de Caçadores, o regimento de Artilharia e o 1º
Regimento de Infantaria.
A 18 de fevereiro de 1822 reuniu-se um conselho
de vereadores, juízes e Junta Governativa para dirimir a questão da posse. Como
solução foi proposta uma junta militar, sob a presidência de Madeira de Melo.
Na prática, era a sua vitória sobre os interesses contrários.
As tropas portuguesas estavam de prontidão desde o dia 16, enquanto os
marinheiros percorriam as ruas, fazendo provocações - Madeira de Melo fizera
constar que, ocorrendo qualquer ameaça à constituição, agiria sem consultar a
Junta Militar. Vitorioso, desfilou pelas ruas, inspecionando as fortificações,
desafiando as guarnições de maioria nacional. Na madrugada do dia 19 ocorreram
os primeiros tiros, no Forte de São Pedro, para onde acorreram as
tropas portuguesas, vindas de São Bento. Salvador transformou-se numa praça de
guerra, e confrontos violentos ocorreram nas Mercês, na Praça da Piedade e no
Campo da Pólvora.
Apesar da encarniçada defesa, as tropas portuguesas tomaram o quartel
onde se reunia o batalhão 1º da Infantaria. Os marinheiros portugueses
festejaram a vitória, tendo atacado casas, pessoas e invadido o Convento da
Lapa onde haviam se refugiado alguns revoltosos, vindo a assassinar
a sua abadessa, Sóror Joana Angélica.
Restava tomar o Forte de São Pedro. Madeira de Melo preparou-se para
bombardear a fortificação - uma das poucas inteiramente em terra, no centro da
cidade. No cerco, foram atacados nos lados do Garcia. No dia seguinte, o forte
rendeu-se, evitando-se o derramamento de sangue. O brigadeiro Manuel Pedro foi
preso e enviado a Lisboa.
No poder, o "Partido Português" atemorizava os
brasileiros. A 2 de março de 1822, Madeira de Melo finalmente prestou juramento perante a
Câmara de Vereadores.
A guerra
Julho de 1822 - a Bahia
conflagrada
Os brasileiros ainda na capital reagiram com pedradas às ações militares
de Madeira de Melo e, na procissão de São José (21 de março
de 1822),
os portugueses foram apedrejados.
Sobre esse episódio, Madeira de Melo registrou:
"Então
viu-se nesta cidade reunir-se uma multidão de negros a fazer depósitos de
pedras em alguns lugares muito públicos, como o Largo do Teatro e ruas
adjacentes; tomaram suas posições e logo que apareceu uma procissão que era
feita por naturais da Europa, atiraram sobre ela uma infinidade de pedradas
(...) Chegada a noite, reuniram-se grandes magotes em diferentes sítios e
apedrejaram todos os soldados e mais pessoas que viram ser Europeus (...)"[2]
A cidade de Salvador assistia à debandada, a cada dia maior, dos
moradores, que aumentou diante da chegada de reforços a Madeira de Melo: um
navio, dos que levavam tropas do Rio de Janeiro de volta a Portugal, aportou na
capital, ali deixando seus soldados.
Consulta às Câmaras Municipais
Os deputados da província da Bahia nas Cortes de Lisboa (entre os quais Luís Paulino d'Oliveira Pinto da
França, que chegou a ser enviado por D. João VI para negociar com
Madeira de Melo - chegando após o desfecho do conflito), consultaram por carta
os seus distritos, indagando qual a opinião das municipalidades sobre qual
deveria ser a relação da Bahia com a metrópole. Tomando a frente, as vilas de Cachoeira
e São Francisco do Conde, seguidas pelas
demais, manifestaram-se favoráveis a que a província passasse para a regência
de D. Pedro, no Rio de Janeiro. Havia, por trás destas declarações, nítida
vontade de separação de Portugal, a quem já tinham como a figura opressora.
Uma escuna militar foi mandada por Madeira de Melo para Cachoeira. A 25 de junho
de 1822,
reuniram-se na Câmara Municipal de Cachoeira os nomes de Antônio de Cerqueira Lima,
José Garcia
Pacheco de Aragão, Antônio de Castro Lima, Joaquim
Pedreira do Couto Ferraz, Rodrigo Antônio Falcão Brandão,
José Fiúza de Almeida e Francisco Gê Acaiaba de Montezuma,
futuro visconde de Jequitinhonha, tendo como resultado a consulta ao povo, pelo
Procurador do Senado da Câmara, "se concordava que se proclamasse Sua
Alteza Real como Regente Constitucinal e Defensor Perpétuo do Brasil, da mesma
forma que havia sido no Rio de Janeiro". O povo respondeu com
entusiasmo que "Sim!".
Em comemoração, a vila iniciou em seguida um desfile da cavalaria que
marchou pelas ruas, celebrando-se uma missa. Durante o desfile popular, foram
disparados tiros em sua direção, vindos da casa de um português e da escuna
fundeada ao largo. O tiroteio seguiu por toda a noite e no dia seguinte.
Em Cachoeira constitui-se a
"Junta de Defesa"
Os partidários "brasileiros" reuniram-se na cidade de
Maragojipe, a 23 km de Cachoeira, em novembro de 1822 e decidiram então que
todos ficariam do lado de D.Pedro e contra a corôa portuguesa. Proclamaram uma Junta
Conciliatória e de Defesa, para governo da cidade, em sessão permanente,
recebendo a adesão de muitos portugueses. Dentre esses brasileiros,
destacavam-se Rodrigo Antônio Falcão Brandão,
depois feito primeiro barão de Belém, e Maria Quitéria de Jesus. Foi constituída
uma caixa militar e instaram ao comandante da escuna portuguesa para que
cessasse o ataque, obtendo como resposta uma ameaça.
O povo reagiu e teve lugar o primeiro combate pela tomada da embarcação
que, cercada por terra e água, resistiu até à captura e prisão dos
sobreviventes, em 28 de junho de 1822. As vilas do
Recôncavo foram aos poucos aderindo à de Cachoeira. Salvador tornou-se alvo de
maiores opressões de Madeira de Melo, e o êxodo da população ganhou
intensidade.
As municipalidades se organizaram para um combate, treinando tropas,
cavando trincheiras.
Pelo sertão chegavam as adesões. Posições estratégicas foram tomadas nas ilhas
do Recôncavo, em Pirajá e Cabrito. As hostilidades iniciaram-se e as suas
notícias espalharam-se pela Província e pelo restante do país. Itaparica já
aderira. Para lá enviou Madeira de Melo uma expedição, que chegou atirando. O
povo fugiu, engrossando as hostes que se concentravam no Recôncavo.
Miguel Calmon, futuro Marquês de Abrantes, primeiro governador da Bahia
"livre"
Todos estes movimentos foram comunicados ao Príncipe-Regente. De
Portugal, 750 soldados enviados como reforço para a manutenção da ordem na
Bahia, chegaram em agosto.
Proclamada a Independência do Brasil (Setembro), em
outubro de 1822 chegou do Rio de Janeiro o primeiro reforço aos patriotas
baianos, sob o comando do francês general Pedro Labatut.
Era uma tropa constituída quase toda por portugueses, já que ainda não existia
um exército verdadeiramente nacional. O seu desembarque foi impedido, indo
aportar a Maceió,
em Alagoas,
de onde veio, por terra – conseguindo assim arregimentar mais elementos ao
fraco contingente.
As batalhas
Diversas batalhas foram travadas, levando o nome dos lugares onde os
combates ocorreram.
Pirajá
Tendo recebido reforços, Madeira de Melo desferiu um grande golpe contra
as tropas brasileiras em Pirajá, conduzindo as suas forças para a Estradas
das Boiadas (ver também: Liberdade). Assim registrou Tobias
Monteiro, em "A elaboração da independência":
"A
luta foi tremenda, a resistência heróica; mas após quase cinco horas de
refregas, acudindo reforços chegados da cidade e para não ver o exército bipartido,
os independentes estavam ao ponto de recuar e escolher na retaguarda melhor
ponto de defesa.
Já galgavam
os atacantes as encostas dos montes, certos de levar de vencida o inimigo,
quando ouviram o toque sinistro de avançar cavalaria e degolar. O corneta, a
quem o major Barros Falcão, que comandava a ação naquele ponto, dera ordem de
tocar retirada, trocara, por conta própria, o toque destinado a anunciar a
derrota dos irmãos de armas, pelo do ataque inesperado, donde veio a desordem e
o pânico dos portugueses. (nota abaixo sobre o Corneteiro
Lopes)
O
estratagema providencial de Luís Lopes, que assim se chamava esse lusitano
aderente à causa do Brasil, transformou subitamente a ação. Espantados da
presença dessa cavalaria imaginária, com que não contavam, os portugueses
estremeceram indecisos e, por fim, recuaram. Sem perda de um momento,
prevalecendo-se os brasileiros da situação, ordenaram a carga de baioneta.
As hostes quase vitoriosas vinham agora de roldão sobre a planície, fugindo
amedrontadas, envolvendo as reservas na mesma dispersão e na mesma derrota.
Depois desse
desastre e do último malogro da ação sobre Itaparica, o exército de Madeira
ficou em total abatimento, que não pôde renovar reforços para dominar além da
capital."
Em maio de 1823, chegou à costa da província a esquadra comandada por Thomas
Cochrane, para participar do bloqueio marítimo à capital da
província. A derrota final de Madeira se deu em 2 de julho
de 1823.
2 de julho: data máxima da
Bahia
Não houve rendição de Madeira de Melo; este simplesmente embarcou,
derrotado, com o que lhe restava de tropas na capital, cerca de quatro mil e
quinhentos homens, que tomaram 83 embarcações. As primeiras tropas brasileiras
que entraram na capital foram as que estacionavam em Pirajá e seguiram até São Caetano, sob o comando do coronel João de Souza Meira Girão,
trecho da antiga "estrada das boiadas" que, depois, passou a
chamar-se Estrada da Liberdade. Teriam sido recebidos, segundo a
tradição, por um arco do triunfo feito em flores pelas irmãs do Convento
da Soledade. Também ali seguiam José Joaquim de Lima e Silva, à frente do Batalhão
do Imperador e comandante-em-chefe e o Coronel Antero José Ferreira de
Brito com os homens que tomaram as trincheiras da Lapinha e Soledade.[3]
Outras tropas ingressaram na cidade, ocupando-lhe os quartéis e
pontos-chave de sua defesa:
- Felisberto
Gomes Caldeira saiu de Armação e Rio Vermelho rumo ao Tororó, Barra, Graça
e Corredor da Vitória, ocupando os quartéis do Campo da Pólvora, Palma,
Gamboa e Forte de São Pedro, e ainda a Casa da Pólvora, nos
Aflitos.[3]
- Major
José Leite Pacheco, saindo de Armação e da Pituba, segue pela área
conquistada pelo Major Silva Castro em Cruz de Cosme e
vai para o Carmo. Ocupam o Convento do Carmo, e postos em São Bento,
Piedade, Jerusalém (ou Hospício), Noviciado (atual São Joaquim) e Santa
Tereza.[3]
Ao todo chegam a Salvador, no 2 de julho, um total de 8.686 oficiais e
soldados, sem contar as mais de mil mulheres que os acompanhavam no auxílio,
cozinha e socorro.[3]
Folclore da Independência
Alegoria do "Caboclo".
Uma luta tão duradoura, tão visceralmente ligada às aspirações de um
povo, deixou um variado legado no folclore. O historiador José Calasans registrou
algumas quadrinhas que eram cantadas, de ambos os lados (portugueses e
brasileiros)[4]:
Brava gente
brasileira
Do gentio da
Guiné
Que deixou
as cinco chagas
Pelos ramos
do café.
"cinco
chagas" referia-se à bandeira portuguesa
"ramos
do café", alusão à bandeira adotada por Pedro I.
- Dos
brasileiros, contra seus adversários, as quadrinhas:
Labatut
jurou a Pedro,
Quando lhe
beijou a mão,
Botar fora
da Bahia
Esta maldita
nação!
O Madeira
queria
se coroar!
Botou uma
sorte,
Saiu-lhe um
azar!
Nas batalhas
Registra ainda Calasans um fato narrado pelo folclorista João da Silva Campos, em
que Santo Antônio protagoniza uma curiosa
intervenção na retirada das tropas do brigadeiro Manuel Pedro de Salvador,
possibilitando assim a organização das forças de resistência em Cachoeira:
"A soldadesca d'el-rei deu para trás com precipitação, ante os repetidos
golpes do estranho guerreiro de burel que, ao demais, parecia blindado contra
as balas (...) Mais tarde explicaram os reinóis a causa de haverem cedido
terreno àqueles. Então os nacionais, que não tinham visto frade algum à testa
dos seus pelotões, atribuíram a Santo Antônio a façanha de, esposando a causa
da Independência do Brasil, haver-se oposto de arma em punhos aos seus
compatriotas".[4]
Já na batalha do Rio Vermelho foi a aparição da Senhora Santana
que, estando as tropas descansando, avisou-as da chegada do inimigo, evitando
assim o ataque surpresa e possibilitou a vitória aos brasileiros.[4]
O Corneteiro Lopes
Segundo José Calasans foi possivelmente o historiador Inácio Acioli de
Cerqueira e Silva, na obra Memórias Históricas e Políticas da Bahia quem
primeiro explicou a vitória baiana na Batalha de Pirajá como decorrente de um toque
errado de corneta. Temendo ficar sitiado, o Major José de Barros Falcão, no
comando de posição-chave, mandara tocar a retirada, mas o corneteiro Luís
Lopes, um português que combatia do lado brasileiro, fez o oposto: deu o toque
primeiro de avançar cavalaria e, em seguida, o degola: os inimigos,
acreditando a chegada de reforços, saem em debandada e os brasileiros, quase
derrotados, saem vitoriosos da pugna.[4]
O episódio descrito por Acioli é repetido na obra de Braz do Amaral, mas
o Barão do Rio Branco, apesar de conhecedor
daquela obra, omite tal passagem. Ganhara a passagem o tom lendário, até que
pesquisas ulteriores deram conta ao registro feito por D. Pedro II em seu diário, sobre o relato feito
ao Imperador pelo Barão de Cajaíba, que tomara parte dos
combates: "um corneta trânsfuga português que descompunha, por meio de
toques, o exército lusitano, e neste dia, tocando a retirar, fez com que
avançassem os lusitanos para debandarem para o lado do campo de Cabrito e da
cidade, logo que ouviram os vivas dados a meu pai, pelo major de Pernambuco
Santiago".[4]
O "Caboclo"
Importante participação nas lutas teve o elemento indígena,
identificado simbolicamente como o "verdadeiro brasileiro", o dono da
terra, que somara seus esforços aos demais combatentes. A Bahia rendeu-lhe
homenagens sempre ostensivas e, em 1896, no monumento erguido na capital baiana, a figura do
caboclo encima - tal qual a do Almirante Horatio
Nelson na Coluna de Nelson em Londres
- aquele importante marco.
Na cidade de Caetité, que todos os anos festeja o 2 de Julho
com grande pompa, a figura de uma cabocla surge num dos carros, matando o
"Dragão da Tirania", que representa o colonizador vencido.[5]
Resquícios: o
"Mata-Maroto"
Chamando aos portugueses pejorativamente de marotos (o mesmo que marujos,
já que vieram ter ao Brasil por mar), durante o período regencial[6]
(cerca de uma década apóa as lutas, portanto), tão logo se espalha a notícia da
abdicação de D. Pedro I, na capital e em
cidades do interior como Rio de Contas e Caetité, ocorrem perseguição
dos nativos aos lusitanos.
Em Salvador e Recôncavo os piores incidentes tiveram lugar especialmente
em 1831, quando João Gonçalves Cezimbra,
assumindo o governo, compromete-se a nomear tão-somente brasileiros para o
comando dos batalhões. O português Francisco Antônio de Sousa Paranhos mata o
brasileiro Vitor Pinto de Castro, crime que acirrou inda mais os ânimos. Em
dado momento chega-se a falar em rompimento do estado com a criação de uma
federação.[7]
Fonte: Wikipédia.